Fase final de todas as cardiopatias, a insuficiência cardíaca responde por altos índices de mortalidade e morbidade. Ainda que o diagnóstico dessa condição seja essencialmente clínico, alguns exames complementares mostram-se indispensáveis para caracterizar o quadro e fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças, assim como a avaliação prognóstica.
Nesse cenário, a dosagem plasmática do peptídeo natriurético tipo B (BNP) e a do fragmento N-terminal do peptídeo natriurético tipo B (NT-ProBNP), ambas disponíveis na rotina do Fleury, vêm ganhando destaque no atendimento hospitalar. Tais marcadores resultam da clivagem, no cardiomiócito, do propeptídeo natriurético tipo B, um pró-hormônio.
O BNP constitui o hormônio ativo, enquanto o NT-ProBNP, mesmo biologicamente inativo, é secretado em quantidades equimolares ao BNP, sendo proveniente dos ventrículos cardíacos e liberado na circulação em resposta à expansão do volume ventricular e à sobrecarga de pressão nos ventrículos.Dessa forma, o aumento de seus níveis guarda relação direta com o grau de insuficiência cardíaca, o que justifica sua utilidade no diagnóstico, na avaliação da resposta ao tratamento e também como indicador prognóstico da forma congestiva da condição.
Na prática, o NT-ProBNP e o BNP apresentam comportamentos semelhantes e são equivalentes para detectar e acompanhar a insuficiência cardíaca, conforme enfatizam alguns estudos. A diferença reside na meia-vida plasmática do primeiro, que é mais longa, ao redor de 120 minutos, que a do último, em torno de 20 minutos. Ademais, o NT-ProBNP fica mais elevado na circulação do que o BNP, possibilitando uma dosagem mais otimizada do ponto de vista analítico.